Sobre nós:
Ninguém Reparou. Ninguém vai notar. Ninguém nunca vai saber, ninguém nunca vai saber... (Tim Bernades).
Eu vou colocar nesse baú tudo aquilo que nem
se eu explicar vai fazer alguém se sentir igual.
Naquele Domingo, quando
voltei pra casa, não fiz poesia (como prometido). Não sujei papeis (não com tinta), não cantei
louvores à mulher alguma (Leia-me bem: A mulher alguma). Quando voltei pra
casa, com o gosto do seu vômito em minha boca, com seu cheiro impregnado em minhas mãos, com o seu rosto de choro gravado (cravado) para sempre em minha memória,
rezei de joelhos prostrados no chão, serrados contra a cerâmica fria de meu quarto. Rogando à Deus para que eu
não te santifica-se, não te eternizasse. Para que eu não talhasse o meu Salmos, ou erguesse a minha torre de Babel em teu nome.
Roguei para que jamais me permitisse escrever poesias sobre você. Que eu nunca, nunca lesse sobre
o dia que acabara de acabar.
Não escrevi.
Não perdi tempo
tentando por ordem no acaso, na chuva, na sua disposição incomum, no álcool (que agora tu abandonaste), em
tudo que deu errado ou em tudo que deu certo por sorte ou por azar. Não pedir
tempo tentando interpretar o meu ‘’foi sem querer’’, quando aquilo era o que eu ‘’mais
queria’’.(‘’Foi sem querer’’, foi a única mentira que contei naquele Domingo);
Nunca, nunca gastei
tinta retratando o inexplicável.
No papel não há você, nem nunca haverá.
Mas toda noite,
Repito
Toda noite.
Meu corpo se dobra em louvores a tua falsa presença, ao teu fantasma .
Toda noite
Como um condenado que se transforma em besta ao vê a lua
Me transformo em pura insatisfação ao lembrar de seu rosto
Toda noite,
Sou pincel
Como um condenado que se transforma em besta ao vê a lua
Me transformo em pura insatisfação ao lembrar de seu rosto
Toda noite,
Sou pincel
Sou tela.
Toda noite
Toda noite
Rabisco-te em mim.
Com minhas mãos
Agonizo-me, até te derramar
Tinta branca sobre pele negra.
Desenho abstrato.
Te ins(es)crevo em mim (toda noite).
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