segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Outra Droga




Solta de olhos vermelhos à dançar feito negra em dia de alforria. Vestido à rodar, a girar como gira o caleidoscópio que só ela vê se formar diante de seus olhos. Uma, duas, três balas, baladas.
Noite adentro, manhã afora.Minha madrugada ao meio.
Manha de menina pequena, manha irresistível que embebeda qualquer rapaz.
Comigo não foi diferente.
Chapei!
Chapei nas coxas da moça.
Coxas que não desfilam em linha reta, mas que cambaleavam, quase caindo, para lá e para cá. Zig-Zag. Sem destino. Coxas riscadas, arranhadas, mordidas. Coxas de menina travessa que se recusa a crescer e vive a brincar, a ‘’viajar’’, como ela mesma sempre diz ....
‘’Experimenta’’. As vezes me sussurra ao pé do ouvido. E eu no mais alto gesto de cordialidade respondo ‘’hoje não’’... O  que sempre a faz sorrir  e invariavelmente me olhar nos olhos e repetir quase que letargicamente ‘’ hoje não ...’’, acrescentando com um risonho um ‘’sei ...’’ ao final.
Repetir ‘’hoje não’’ é minha forma de contato diário com ela. Nunca em minha vida ousarei dizer um ‘’não’’, desses secos e sem graça.
Ela volta a sambar, a dançar, a rodopiar  feito criança. E eu para não parecer careta acendo um malboro light. Sento no chão e me embebedo com as coxas da moça.

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