sábado, 9 de fevereiro de 2013

A Calma



Sentou de repente. Estupefato pelo raiar do sol.
Caminhara a noite inteira. Atordoado.
Sentou-se para vê o nasce do dia em um ponto de ônibus na AV 85.
Sentou-se
Perplexo.
Na bolsa, um livro de capa dura e com letras talhadas em dourado.
Drummond.
Não compreendia uma palavra daquele livro
Entendia seus significados, suas conjecturas, suas conjugações ...
Porém não entendia ele,
Não entendia Drummond.
Não entendia a porra do José!
Não entendia a porra da pedra no caminho!
A porra da pedra no caminho!
Não entendia a dureza das palavras de O Enterrado Vivo.
''Aquilo não era poesia ...''. Repetia para si mesmo a cada instante de consciência.
Pensava nele.
Pensava no dinheiro em sua carteira. No frio. Na fome.
Pensava em como Drummond sabia tudo aquilo...
Pensava acima de tudo em José.
Pensava em José estupefato em um ponto de ônibus.
E se perguntava baixinho:
''E agora?''

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